terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A eternidade das desigualdades no ensino superior português


O acesso ao ensino superior tem sofrido alterações ao longo de décadas no que diz respeito ao próprio acesso e a percursos escolares diferenciados. As desigualdades sociais e escolares têm-se vindo a atenuar, embora continuem a ser uma realidade, nomeadamente neste nível de ensino. 
Enquanto aluna de licenciatura, verifico que a selectividade académica, baseada ainda que indirectamente nas origens sociais dos alunos, permanece e que a maioria dos alunos que frequentam este nível de ensino, provém de famílias com capital escolar e cultural elevado. Ora posto isto, parece-me que há que repensar e questionar as políticas previstas para o ensino superior. As desigualdades de acesso e percurso escolar, no ensino superior parecem persistir indiscutivelmente, obrigando à delineação de novas estratégias que permitam a sua inversão e eliminação. As entidades que têm como função a elaboração destas estratégias não estão a conseguir fazê-lo e isso é preocupante.
             Perante a importância de se concretizar uma formação superior, pela relevância que esta assume na vida profissional dos jovens e na evolução da ciência, a redução do insucesso a promoção do acesso ao ensino superior de forma igualitária, deveriam ser assumidos como uma prioridade, através de estratégias de intervenção eficazes. Considerando que a entrada para o ensino superior e a escolha da formação se trata de uma etapa difícil e decisiva na vida dos estudantes, numa situação de entrada num curso que não o desejado, deveria existir uma maior ajuda económica e psicossocial para a mudança de curso, sobretudo no que diz respeito a alunos com recursos económicos e culturais inferiores.
            Na redução do insucesso e do abandono, é oportuno referir também a importância da actuação dos dirigentes estudantis Ainda que as associações de estudantes se encontrem despolitizadas e pouco interventivas, estas deveriam assumir um papel preponderante na política educativa e na defesa dos direitos dos estudantes. É periodicamente feita uma reflexão entre estas e os membros das instituições universitárias (professores, alunos, reitores), mas parece ser insuficiente para a modificação de algumas medidas tomadas pelas universidades que podem propiciar o insucesso e o abandono. Na minha opinião poderiam contribuir mais ativamente para a boa integração académica dos estudantes, colocando em reflexão a democratização do ensino e desigualdades de acesso.